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ToggleA Separação entre Compras Diretas e Indiretas
Em um evento que participei antes da pandemia em Chicago, conversei com vários líderes da área de Suprimentos sobre uma tendência que vem ganhando espaço: a separação entre os times de Compras diretas e indiretas/serviços. O tema voltou à tona recentemente quando, ao realizar um diagnóstico em uma empresa, me deparei com um organograma que destacava exatamente essa divisão.
Essa estrutura, onde Compras diretas e indiretas são geridas separadamente, é cada vez mais vista em grandes corporações. O gerente de Compras diretas normalmente responde ao diretor de operações, enquanto o gerente de indiretas e serviços reporta ao CFO. Apesar de ser uma prática que apresenta diversos benefícios, é importante destacar que ela também traz desafios que podem afetar a governança, a eficiência e o alinhamento estratégico de uma organização.
Neste artigo, vamos explorar as vantagens e desvantagens dessa arquitetura e desafiar os profissionais de Suprimentos a repensarem sua estrutura para criar uma área mais ágil e orientada ao negócio.
A Divisão Entre Diretos e Indiretos: Um Novo Caminho?
A ideia por trás da separação é simples: Compras diretas são os insumos e matérias-primas que afetam diretamente a produção, enquanto Compras indiretas/serviços envolvem tudo o que a empresa precisa para funcionar, mas que não entra diretamente no produto final – como serviços, TI, marketing e facilities.
Esse modelo visa criar especialização. O gerente de Compras diretas foca nas necessidades da operação, garantindo que os materiais corretos estejam disponíveis no momento certo para não interromper a produção. Já o gerente de indiretos e serviços tem um foco maior em otimização de custos e eficiência, respondendo a uma demanda mais relacionada à estratégia financeira. Tudo é uma questão de foco!
Vantagens da Separação entre Compras Diretas e Indiretas
- Foco e Especialização
A especialização é, sem dúvida, uma das principais vantagens. Com gerentes distintos para cada família, há um foco maior nas necessidades específicas de cada área. Compras diretas, que afetam diretamente o core business, são tratadas com a urgência e atenção que merecem, enquanto as indiretas podem ser geridas com uma visão mais estratégica de otimização de custos. - Alinhamento com Metas da Empresa
Quando o gerente de Compras diretas responde ao diretor de operações, ele tem a clareza necessária para alinhar suas ações às metas de produção. Da mesma forma, o gerente de indiretos, respondendo ao CFO, pode garantir que as iniciativas sejam direcionadas ao controle de custos e gestão financeira eficiente. - Mitigação de Riscos
Cada gerente tem a capacidade de criar estratégias específicas para os riscos associados a suas categorias. Enquanto em Compras diretas o foco pode estar na continuidade do fornecimento e na qualidade dos materiais, em Compras indiretas, a ênfase pode estar na redução de custos e na gestão de contratos de serviços.
Desafios e Desvantagens entre Compras Diretas e Indiretas
- Falta de Coordenação
Uma das desvantagens mais comuns é a falta de sinergia entre as áreas. A separação pode criar silos, onde cada gerente prioriza suas próprias metas, sem um alinhamento claro entre as operações e as finanças. Isso pode levar a decisões conflitantes e prejudicar a eficiência da organização como um todo. - Conflito de Objetivos
O foco exclusivo em operações pode levar o gerente de diretos a priorizar velocidade e entrega, enquanto o gerente de indiretos se concentra em reduções de custo. Essa diferença de prioridades pode resultar em conflitos de recursos e investimentos, afetando o equilíbrio entre eficiência e custo. - Inferência da Área de Operações
Um risco importante que frequentemente vejo nesse modelo é a inferência excessiva da área de operações nos processos de Compras diretas. Quando o gerente de Compras responde diretamente ao diretor de operações, há uma tendência de priorizar tanto a urgência do fornecimento que questões de governança e compliance podem ser deixadas de lado. Isso cria um risco significativo para a integridade do processo, especialmente quando decisões são tomadas sem a devida análise de conformidade ou melhores práticas de governança. - Dificuldade de Governança e Compliance
A separação pode complicar a governança da área de Compras. Sem uma coordenação eficaz entre as áreas, é mais difícil garantir que todos os processos estejam em conformidade com as políticas corporativas. A falta de uma visão integrada também pode impactar negativamente os processos de auditoria e compliance, especialmente em empresas com alta regulamentação. - Cultura Organizacional Fragmentada
Com gerentes diferentes para cada área e reportando a líderes distintos, a cultura e os processos internos de Compras podem se fragmentar. Isso pode dificultar a gestão de talentos, o desenvolvimento de uma estratégia de compras unificada e a implementação de inovações.
A Importância de Repensar a Arquitetura de Suprimentos
Diante dessas vantagens e desafios, fica claro que o modelo de separação de Compras diretas e indiretas não é uma solução única para todos. Para muitas empresas, pode ser um caminho viável, especialmente em contextos de alta complexidade operacional. No entanto, é essencial que as áreas de Compras, Operações e Finanças trabalhem de forma integrada, garantindo que os objetivos estejam alinhados e que a governança não seja comprometida.
Desafio os profissionais da área de Suprimentos a repensarem sua arquitetura organizacional. A separação de diretos e indiretos pode trazer benefícios, mas é necessário garantir que haja uma coordenação estratégica entre as áreas, com uma visão clara de governança, compliance e alinhamento aos objetivos gerais da empresa.
É hora de evoluir. Talvez uma abordagem híbrida, com uma maior integração entre as áreas, ou uma nova forma de estruturar Suprimentos que leve em conta não apenas a especialização, mas também a agilidade e o foco no negócio, seja o caminho para enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.
Conclusão
A separação entre Compras diretas e indiretas é uma tendência que pode trazer ganhos significativos de especialização e eficiência. No entanto, essa abordagem deve ser cuidadosamente balanceada para evitar a criação de silos, conflitos de objetivos e riscos de compliance. A chave é buscar uma estrutura que permita agilidade, alinhamento e uma visão integrada do papel estratégico da área de Compras na organização.
Se sua empresa está considerando essa abordagem, reflita sobre como garantir que as áreas operem de forma integrada, preservando a governança e a sinergia entre as metas operacionais e financeiras. O futuro de Compras exige flexibilidade e inovação, e é hora de repensar o modelo tradicional.
Agora, eu gostaria de ouvir sua opinião! Como você enxerga essa divisão entre Compras diretas e indiretas? Já teve alguma experiência com essa estrutura em sua empresa? Compartilhe seus insights e desafios nos comentários. Vamos discutir juntos novas formas de transformar a área de Suprimentos e criar um impacto ainda maior no negócio. Estou ansioso para ouvir suas ideias!