Este Post surgiu a partir de um artigo enviado pelo Renato para o Programa de Formação Board Academy Conselheiro consultivo. Aqui você vai ler conceitos de Planejamento Estratégico, Mundo Bani, Mundo Vuca, LTP ( Long Term Plan) e LTS (Long Term Strategy) e outros termos tratados somente no C- Level das empresas. Boa leitura.
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ToggleO que é Planejamento Estratégico?
O Planejamento Estratégico é um conjunto de ações estruturadas e bem desenhadas que envolve os profissionais de uma empresa com o objetivo de definir um caminho único, uma direção que a empresa deve seguir nos próximos anos para atingir um objetivo específico.
Qual a Periodicidade do Planejamento Estratégico?
No passado, o Planejamento Estratégico costumava ser elaborado para atender às necessidades do negócio nos próximos 3 a 5 anos, conhecido como LTP (Long Term Plan). No entanto, em um mundo cada vez mais caracterizado por fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade, ou seja, o BANI (Brittle, Anxious, Non-Linear and Incomprehensible), o Planejamento Estratégico está sendo ajustado e planejado para um período máximo de 3 anos.
Metodologias de Planejamento Estratégico
O antigo LTP está cedendo espaço para o LTS (Long Term Strategy), que busca enfrentar os desafios do BANI em uma estratégia mais curta, mas flexível e ágil, capaz de se adaptar às mudanças naturais do mercado sem ser prejudicada.
O que é BANI e Mundo BANI?
A sigla BANI, por si só, ou o termo Mundo BANI, está cada vez mais presente em reuniões de Conselhos e em encontros do C-Level. BANI representa Fragilidade, Ansiedade, Não Linearidade e Incompreensibilidade. Esse conceito nos leva a uma realidade crescentemente imprevisível, desafiadora e ávida por inovações que gerem resultados.
O Mundo BANI, no qual vivemos atualmente, é caracterizado por mudanças constantes, incertezas e adaptações. É importante lembrar que o Mundo BANI está contido no conceito mais amplo do Mundo VUCA. Empresas e seus dirigentes se deparam cada vez mais com um cenário globalizado repleto de desafios imprevistos, que não oferecem previsões claras para as estratégias futuras. Não faltam exemplos de eventos que ocorreram em locais distantes e que tiveram um impacto profundo em nossa economia, como a pandemia da COVID-19.
Isso tornou nossa economia mais frágil e nossos profissionais mais ansiosos. Essa ansiedade tem levado a um aumento exponencial no número de profissionais afastados devido a Burnout e outras doenças relacionadas à ansiedade e depressão, a maioria das quais causadas por esse mundo não linear e incompreensível que estamos enfrentando.
Há quem afirme que o mundo era VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e agora é BANI. O Mundo VUCA refletia as diversas transformações nos setores empresariais, mas com o tempo deixou de captar essas transformações e abriu caminho para o Mundo BANI. Parece que, em vez de melhorar, a situação está piorando.
É crucial compreender que tanto os conceitos, as premissas e as definições do Mundo VUCA quanto do Mundo BANI foram criados para orientar, ou pelo menos tentar, o mundo dos negócios diante dos desafios constantes e das dificuldades impostas à condução e ao desenvolvimento das empresas.
Como afirma o criador do Mundo BANI, “BANI é uma maneira de enquadrar e responder ao estado atual do mundo“. Portanto, compreender o significado de cada uma dessas letras que compõem a sigla BANI é fundamental para criar um cenário mais realista e, acima de tudo, desenvolver um Planejamento Estratégico mais robusto e resistente.
Baseado nisso e considerando as transformações constantes trazidas pelos mundos VUCA e BANI, não basta mais ter um Planejamento Estratégico robusto e resistente para enfrentar as novas condições resultantes das instabilidades da Fragilidade, Ansiedade, Não Linearidade e Incompreensibilidade.
Para isso, é necessário adotar um novo aliado que seja ao mesmo tempo resistente e antifrágil, capaz de absorver pressões, choques e perturbações, retornando ao seu estado original sem danos quando a situação passa ou, idealmente, tornando-se ainda mais forte, preparado e com melhores resultados.
Então, o que precisamos?
Em 2012, o autor Nassim Nicholas Taleb cunhou o termo Antifrágil (Antifragile), através de seu best seller intitulado: “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos” (em inglês, “Antifragile: Things That Gain from Disorder”).
Taleb argumenta no seu livro que, no mundo dos negócios e nas empresas, existe uma diferença brutal entre ser frágil, robusto, resiliente e antifrágil.
Aqui estão as principais ideias por trás do conceito do Antifrágil:
Frágil: Quando algo é vulnerável a perturbações, choques ou eventos inesperados;
Resiliente: Quando algo pode suportar choques e perturbações e, eventualmente, retornar ao seu estado original. É importante destacar o “eventualmente”. Esse retorno ao estado original não é ideal. Em um mundo BANI, precisamos que algo evolua a partir do seu estado original, sempre para melhor, pois aprendeu com o desafio, sem sofrer deformações. Deformações, nesse contexto, podem ser comparadas a afastamentos, doenças ou até burnout;
Robusto: Quando algo possui uma constituição física muito forte, sendo resistente (ou resiliente), potente e vigoroso, como define o dicionário Oxford Languages; e
Antifrágil: Algo é antifrágil quando não apenas suporta choques e perturbações, mas também se beneficia deles, tornando-se mais forte e melhor como resultado. Em outras palavras, a antifragilidade é a capacidade de crescer e aprimorar diante da adversidade.
Taleb afirma que a compreensão da antifragilidade é essencial em muitos aspectos da vida, como finanças, negócios, saúde e tomada de decisões, pois nos ajuda a criar sistemas e estratégias que não apenas sobrevivem a choques, mas prosperam com eles. Ele também enfatiza a ideia de que tentar prever todos os possíveis eventos adversos é impossível e, em vez disso, devemos criar sistemas, no nosso caso empresas, negócios e Planejamento Estratégico, que possam se adaptar e se beneficiar da incerteza e do caos. Em resumo, a antifragilidade é a capacidade de ganhar força e vantagens a partir da desordem e da incerteza, em contraste com a fragilidade, que representa a vulnerabilidade a tais eventos.
O que é Planejamento Estratégico Antifrágil?
Se estamos vivendo em um mundo onde a fragilidade, a ansiedade, a não linearidade e a incompreensibilidade ditam as regras dos negócios, lançando uma densa cortina de fumaça diante de nossos olhos, dificultando a visualização dos próximos 3 meses de planejamento, como podemos conceber um Planejamento Estratégico, um Long Term Strategy (LTS), com duração de 3 anos ou mais?
Para abordar esse desafio, é essencial entender em detalhes o cenário no qual a empresa opera, utilizando ferramentas de análise de cenários. Essas ferramentas devem ser capazes de fazer perguntas essenciais e explorar as possibilidades de negócios para os próximos 3 anos ou mais.
Perguntas cruciais incluem: Quais são as prioridades dos negócios ou do negócio para os próximos anos? Quais são os planos para atingir essas prioridades? Como as equipes, Unidades de Negócios, áreas, departamentos, os colaboradores apoiarão essas prioridades? Qual o plano para reter e atrair aos melhores talentos? E muitas outras perguntas pertinentes.
Essas perguntas desempenham um papel fundamental na análise do LTS, contribuindo para a formação de um sólido Planejamento Estratégico. No entanto, as respostas e, sobretudo, o plano elaborado para guiar a empresa nessa direção serão os principais impulsionadores do sucesso ou insucesso do LTS.
Cada pergunta levará a desdobramentos em ações, com a participação de inúmeros colaboradores. O que buscamos vai além de estender o planejamento para 3 ou 5 anos. Nosso objetivo é criar um Planejamento Estratégico que seja antifrágil, ou seja, que possa não apenas sobreviver às adversidades, mas também se adaptar e prosperar diante da incerteza e do caos.
Para alcançar esse objetivo, é necessário combinar o entendimento do conceito do Mundo VUCA e do BANI com o uso de perguntas poderosas e uma sólida ferramenta de análise, tudo isso apoiado por uma equipe diversificada alinhada com as estratégias do negócio.
Considerar a inclusão de um Conselho Consultivo e comitês especializados pode ser fundamental para a construção desse novo Planejamento Estratégico Antifrágil. O conhecimento externo enriquece as perspectivas, contribuindo significativamente para a qualidade das respostas.
Em resumo, a transição do Planejamento Estratégico convencional para o Antifrágil é mais do que uma adaptação às mudanças. É uma revolução na forma como as empresas enfrentam a incerteza, se destacam na complexidade do Mundo BANI e prosperam na adversidade.
Para criar um Planejamento Estratégico Antifrágil, é necessário abraçar a imprevisibilidade, adotar análises detalhadas e recorrer ao conhecimento externo. É um compromisso com a agilidade, a inovação e a resiliência, capacitando as organizações a se beneficiarem dos desafios em vez de serem sobrecarregadas por eles.
Aqueles que adotarem essa abordagem estarão preparados não apenas para sobreviver, mas para prosperar nos cenários mais complexos e inesperados, capacitando-se a enfrentar o Mundo BANI com determinação e visão.
Renato Honorato
Uma resposta
Renato, ler este post caiu como uma luva para mim, Planejamento Estratégico Antifrágil faz muito sentido em mundo que nos abalamos facilmente com as adversidades encontradas, e digamos que, as encontramos com muita frequência nos últimos tempos.
Ao mesmo tempo que percebemos também como evoluimos, e a cada ano que passamos aprendemos a “fazer dos limões uma limonada”. Parabéns pelo artigo!